A não mulher

uso de estereótipos de gênero, raça e classe na representação de Suzane Von Richthofen pelos meios de comunicação e na produção cinematográfica brasileira

Autores

  • Camila Henriques Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

Palavras-chave:

Suzane Von Richthofen, estereótipos, interseccionalidade, meios de comunicação, produção cinematográfica brasileira

Resumo

A considerar que o discurso e a comunicação tendem a reproduzir estereótipos construídos socialmente, interessou-se em pesquisar os produtos e representações midiáticas e cinematográficas acerca do caso Suzane Von Richthofen, que ganhou novamente notoriedade em 2021 com o lançamento do filme A menina que matou os pais. Utilizando uma abordagem qualitativa, o método hipotético-dedutivo e um procedimento monográfico e comparativo, busca-se, compreender a representação de Suzane Von Richthofen, a partir da interseccionalidade das categorias de estereótipos de gênero, raça e classe, nos meios de comunicação e na produção cinematográfica brasileira. A pesquisa bibliográfica abrange periódicos, bancos de dados de universidades, livros e plataformas de filmes da Amazon. A revisão de literatura subsidia a análise e é embasada nas obras de Simone de Beauvoir e Lélia Gonzalez. O artigo, assim, contribui para uma compreensão mais aprofundada dos discursos midiáticos e cinematográficos sobre criminalidade e gênero, destacando a importância da análise interseccional para uma visão crítica dessas representações

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Publicado

09.07.2023

Como Citar

HENRIQUES, C. A não mulher: uso de estereótipos de gênero, raça e classe na representação de Suzane Von Richthofen pelos meios de comunicação e na produção cinematográfica brasileira. Jus Scriptum’s International Journal of Law, [S. l.], v. 7, n. Especial, p. 12–68, 2023. Disponível em: http://internationaljournaloflaw.com/index.php/revista/article/view/159. Acesso em: 17 maio. 2024.